quinta-feira, 10 de março de 2011

Nossa fé se dá em meio a condições reais


Como crer, tendo uma filha que escolheu a prostituição e se recusa a mudar de vida, por mais que a aconselhemos?
Como ter esperança, tendo um corpo doente, regado a remédios caros e incompetentes ou a cirurgias e hospitalizações recorrentes?
Como conjugar a confiança, tendo um pai que alterna embriaguez, autoritarismo e truculência, que experimentamos na pele e na alma?
Como amar o próximo, tendo em nossa casa um parente moralmente enfermo, provocando amarguras, divisões e contendas como uma forma de prazer?

O que fazemos nestas situações?
Como vivemos nestas circunstâncias fora de nosso controle?
Depende de como cremos. 
Se cremos que Deus pode mudar o imudável, continuamos crendo, como Jó, sem desistir de orar por nossa filha. A persistência na oração não depende de sinais de mudança.
Se cremos que Deus nos é suficiente, seguimos com o nosso corpo: ele nos limita, mas não nos impede de viver. A vida é mais que o corpo. A graça é mais que a vida.
Se cremos que Deus cuida de nós, honramos nosso pai como um mandamento, mesmo que nos soe irracional, certos de que seremos honrados por Deus em nossa obediência, mesmo que não a vejamos.
Se cremos que Deus está certo em nos instruir a amar, pomos nossa força no amor ao outro, porque se não amamos o outro não somos capazes de amar a Deus e a nós mesmos.

Desejo-lhe um BOM DIA. 
Israel Belo de Azevedo

quarta-feira, 9 de março de 2011

Palestra no ACAMPADENTRO

Conselhos aos jovens e adolescentes
(Proferida no ACAMPADENTRO da IB do Braga no período de Carnaval de 2011)

Introdução:
            Fui convocado pelo líder de Jovens e Adolescentes, Seminarista Filipe Melo, a proferir uma palestra aos participantes do ACAMPADENTRO. Assunto sugerido: “10 conselhos aos jovens e adolescentes”. Com a intenção de não ser maçante, preferi usar uma forma dinâmica para trabalharmos o assunto.
            E assim foi feito:

1º - Cada presente recebeu um papel em branco. Com o pano de fundo de ter recebido uma missão do céu, cada um deveria escrever um importante conselho que daria a um amigo.
2º - A seguir, com o mesmo pano de fundo, deveria escrever um importante conselho que daria a si mesmo.

Os papeis foram recolhidos e reservados para o final da palestra.
            Seguindo-se a palestra, apresentei, apenas lendo com curtos destaques, um resumo de dois sermões, como a seguir:

I - Conselhos Bíblicos para Jovens e Adolescentes:
1º - Selecione os amigos.
2º - Deixe claro seus objetivos.
3º - Priorize Deus e seu reino.
4º - Guarde a sua sexualidade.
Autor: Pr. Daniel Dutra
(Pastor Auxiliar da Igreja Presbiteriana Independente de Dourados - MS)

II - Conselhos aos jovens e adolescentes na idade e no espírito:
1º - Conquiste a sabedoria, temendo ao Senhor.
2º - Honre a vida de seus pais, obedecendo-lhes em tudo.
3º - Escolha bem suas companhias, elas podem te levar ao céu ou ao inferno.
4º - Honre ao Senhor com os recursos que Deus dá.
5º - Use as palavras de sua boca para edificação.
6º - Lembre-se de que sua colheita será de acordo com a sua semeadura.
Autor: Pr. Neemias Lima - Igreja Batista do Braga
(Sermão proferido em 08.08.10, na IB Braga, baseado no livro de Provérbios)

III - Conselhos dados pelos próprios jovens conforme dinâmica inicial:
            Uma orientação: você lerá em duplas para comparar entre os conselhos dados aos amigos e a si mesmo.

Destacando, informo: os autores dos conselhos não são identificados.

1º - Confie sempre em Deus, independente da situação.
2º - Controle sua ansiedade, trabalhe a sua fé.

1º - Nunca deixe se abalar pelos outros, ore, Deus vai te ajudar em qualquer situação.
2º - Siga em frente, não pare de sonhar, e muito menos de correr atrás deles, nada nem ninguém vai poder realizar para você.

1º - Seja santo. O que Deus quer de você?
2º - O seu dom é o maior presente de Deus. Aproveite-o.

1º - Larga tudo.
2º - Se desvincula.

1º - Volte para os caminhos do Senhor!
- Use melhor o seu tempo.

1º - Coloque nas mãos de Deus, ore!
- Ore por você e por aquele que você acha que também precisa.

1º - Não vá na onda dos outros.
2º - Não desconte os seus sentimentos ruins nos outros.

1º - Cuidado com o que pode te afastar de Deus.
2º - Não desanime, Deus ainda acredita e conta com você.

1º - Ás vezes é bom não ficar triste com tudo.
2º - Ser mais calmo, ser menos ignorante com as pessoas.

1º - Sai dessa vida.
2º - Preocupe-se mais com você.

1º - Não use drogas.
2º - Seja menos orgulhoso.

1º - Tenha fé.
2º - Tenha fé.

1º - Só “imite” as coisas boas das pessoas que estão ao seu redor.
2º - Esperar o momento de Deus, e Ele vai fazer o melhor na minha vida.

1º - Pense no que vai fazer.
2º - Ame mais a Deus e a Igreja.

1º - Fique firme.
2º - Confie mais em Deus.

1º - “Entrega seus caminhos ao Senhor, confia n’Ele e o mais Ele fará.
2º - Existe tempo para todas as coisas, tempo de chorar e tempo de sorrir, Deus está na frente de tudo, confia.

1º - Pense bem!
2º - Ainda não é hora.

1º - Deus tem uma pessoa melhor para a sua vida.
2º - Tudo tem seu tempo.

1º - Não deixe de acreditar em Deus.
2º - Deixar de acreditar em tudo que me falam, deixar de ser boba.
1º - Mesmo com os problemas da vida, sempre sorria!
2º - Do mesmo modo que escrevi no primeiro conselho, não apenas diga para as pessoas sorrirem, e, sim, viva o que diz.

1º - Busque a Deus e o que Ele lhe disser faça.
2º - Busque a Deus e o que Ele lhe disser faça.

1º - Para ter cuidados com ações e gestos dela.
2º - Nunca faça nada na dúvida.

1º - Cuidado com suas ações, pois toda a ação de hoje volta amanhã.
2º - Afaste-se das más companhias e escolha muito bem suas amizades, pois você pode se decepcionar.

1º - Ao invés de criticar seu próximo, converse com ele e ore por ele.
2º - Não se canse nem desanime porque tudo vale pela obra do Senhor.

1º - Seja forte, isso será para nós crescermos.
2º - Paciência.

1º - Viva na dependência de Deus.
2º - Busque mais intimidade com Deus.

1º - Peça perdão.
2º - Perdoe.

1º - Não use tóxico.
2º - Tenha mais paciência.

1º - Parar de beber.
2º - Ouça mais e fale menos.

1º - Curta a vida com sabedoria.
2º - Faça o que faria Jesus.

1º - Não faça se estiver na dúvida.
2º - Nada tem volta, pense muito bem antes de fazer qualquer coisa.

Conclusão:
            Esta conclusão contemplou duas partes:
1ª - Reconhecimento feito na hora: parabéns pelos conselhos. Estou surpreso com a maturidade e interesse na causa demonstrados. Conselhos muito bons.

2ª - Não seja objeto de manobra. Você tem o Espírito Santo guiando sua vida. Seja crítico, não criticador. Uma elite maldosa quer dirigir você e muitos estão iludidos com um mundo tecnológico, achando que estão abafando, mas não assumirão funções importantes porque não estudam.
            Computador não é do diabo, tudo é de Deus. Quem faz algo ser do diabo ou não somos nós. Não é pecado usar essas ferramentas, mas se utiliza para futilidades, será objeto de manobra das pessoas. Estude, estude muito.
Pr. Neemias Lima
Igreja Batista do Braga
www.batistadobraga.org.br
www.prneemiaslima.blogspot.com

terça-feira, 8 de março de 2011

Para refletir

Martin Luther King Jr. disse: “Se um homem não descobriu algo pelo qual ele deva morrer, ele não está preparado para viver”.

Deus sempre valorizou a mulher

Desde a criação, Deus tratou a mulher com carinho e respeito inigualáveis. Mesmo em culturas onde se prevalecia o domínio do macho, como até hoje acontece em muitos lugares, a mulher tinha tratamento digno e não se surpreende ler histórias como a de Raabe e Débora no cenário da história de Israel.
Em se tratando do Novo Testamento, ainda que a cultura predominante fosse de desvalorização da mulher, os registros de mulheres que foram instrumentos de liderança e grande valor são pródigos.
Não há ninguém, sistema algum ou filosofia qualquer que tenha valorizado mais a mulher do que Deus, Cristianismo e o Evangelho.
A melhor decisão da mulher guerreira, batalhadora e conquistadora é voltar-se para Deus, Ele sempre a valorizou!
O resto é balela!

Sei que é extenso, mas vale a pena!

Precisamos urgente de UM LOUVOR VELHO
Vivemos mesmo numa época de ignorância, de obscuridade intelectual e de irracionalismo. Infelizmente, a ignorância tem se tornando jóia cultivada neste país, e os mais pensantes são cada vez mais postos de lado. Quando um político de expressão nacional diz que livro é como academia de ginástica: a gente olha e foge, é porque a coisa ficou feia mesmo. O pior é que a ignorância é cultivada com arrogância. Parece que quanto mais ignorante, mais digno de crédito. E a espiritualidade evangélica tem se distanciado do pensar, que tem sido cada vez mais visto como ato carnal, quando não diabólico. A ignorância está em alta. Está difícil ser evangélico, também, hoje, a quem é pensante.

Ouvi no noticiário televisivo: um rapaz de vinte e poucos anos, gaúcho, estudante de Teologia na Bolívia, desapareceu nos Andes, quando fora escalar uma montanha de 6.300 metros. O rapaz não tem experiência alguma de alpinista, e ainda assim foi sozinho porque, segundo a mãe, queria ter uma experiência com o Espírito Santo, queria encontrar o Espírito Santo. Como achou que ele é boliviano e mora nos Andes foi fazer a escalada.

Com todo respeito: o que leva a uma pessoa a sair do Rio Grande do Sul onde há bons seminários, passando pelo Paraná, onde também os há, e ir estudar Teologia na Bolívia? Respeitosamente: desde quando a Bolívia tem expressão em ensino teológico? Este jovem não tinha um pastor que o orientasse? E o que leva alguém, sem experiência alguma, a escalar sozinho uma montanha de 6.300 metros para encontrar o Espírito Santo? De onde lhe veio a idéia de que numa montanha encontraria o Espírito? E como convertido e aparentemente vocacionado, ainda não encontrara o Espírito? O que ensinaram a este jovem na igreja e depois no seminário? Sei que a família está sofrendo e que é hora de consolar, mas não posso deixar de dizer: quanta gente tonta, sem noção das coisas, e usando a espiritualidade como pretexto para a falta de juízo! Mas isto é reflexo do cristianismo que pregamos e cantamos hoje em dia. Cantamos autênticos absurdos teológicos e que se chocam contra a Bíblia, e ficamos por isto mesmo. As pessoas não pensam no que cantam, mas se apenas o ritmo é bom, agitado e as faz sentirem-se bem.

Temos um cristianismo cada vez mais sem Cristo, e cada vez mais com o Espírito Santo, sendo que por Espírito Santo as pessoas entendem uma experiência extra-sensorial. Porque uma experiência com o Espírito aproxima mais de Cristo, pois esta é sua missão. O evangelho está se tornando um ajuntamento de sentimentos, sensações, experiências místicas. Culpo um púlpito que não é exegético e corinhos ingênuos e até tolos. Os muitos corinhos que enxameiam nossa liturgia nos fazem cantar tantas inconveniências que fico abismado que pessoas razoavelmente lúcidas em sua vida secular cantem aquelas letras. Boa parte delas é confusa, sendo difícil ligar uma linha à outra. Pessoas que são professores cantam tantos erros de português, em que “tua” e “sua”, que são pessoas diferentes, se misturam e por vezes nem se sabe quando se fala de Deus ou de alguma outra pessoa. Raramente se fala de Jesus, e quando se fala dá para notar que Jesus é cada vez mais um conceito para dentro qual as pessoas projetam seus sonhos de consumo ou de classe média, que o Redentor e Salvador. A linguagem é horrorosa: mergulhar nos teus rios, beber nos teus rios, voar nas asas do Espírito, subir o monte de Sião, estar apaixonado por Jesus, subir acima dos querubins, uma série de expressões que não fazem sentido algum. Mas os compositores estão acima da crítica, mesmo quando fazem coisas ridículas, como andar de quatro em público. E quem canta os tais corinhos se sente bem. E também não aceita correção. Quem tenta corrigi-los em suas heresias e tolices é vaidoso, carnal, fossilizado, etc. O que vale não é se o que se canta é certo, mas se faz bem. As pessoas querem se sentir bem e ter alguma experiência. O conteúdo do que se canta é irrelevante. Sendo honesto: não agüento mais cantar corinhos! Chamem-me de vaidoso ou pernóstico, que não fará diferença, mas a maior parte dos corinhos, mesmo que na nova semântica se chamem pomposamente de louvor, é uma ofensa a quem sabe ler e interpretar um texto e tem uma noção mínima de conteúdo da Bíblia.

“Eu tenho a força”, bradava He-Man. Uma força mística, não divina, mas uma energia cósmica. Parece-me que é essa força espiritual que as pessoas buscam. Eles não querem aprofundamento no evangelho nem estudar a Bíblia. Eles querem sensações e experimentar uma força. O evangelho está se diluindo no esoterismo que grassa no mundo atual.

Esta é uma palavra especial aos pastores e ministros de música, que julgo eu, são as pessoas mais responsáveis pelo que acontece e que podem mudar a situação. Quero alinhavar algumas sugestões e lhes peço, respeitosamente, que pensem nelas.

1. FUJAM DO COPISMO

Chacrinha dizia que “na televisão nada se cria, tudo se copia”. No cenário evangélico também. Há uma usina produtora de corinhos, de forma comercial, que massifica nossas igrejas. Nossos jovens cantam as mesmas coisas vazias em todos os lugares. Em várias igrejas se vê a mesma deselegância de adolescentes robustas, saltitando, num monte de véus, no que pretende ser uma coreografia, mas que mostra gestos descoordenados e deselegantes. Chega a ser triste de ver as pessoas saltitando sem habilidade e com uns gestos que nada têm a ver com o ritmo da música. E a gente fica sem saber o que fazer: se olha as jovens pulando, se pensa no que está cantando, se nota as figuras do multimídia, ou os erros de português das letras, ou ainda o embevecimento do chamado “grupo de louvor”, que volta atrás, repete uma estrofe (quando há estrofe), tremelica a voz, faz ar de quem está sentindo dor. Mas é o padrão na maior parte das igrejas. Parece um shiboleth. Quem não faz assim corre risco de ser execrado. Porque os detentores da verdade litúrgica inovadora são fundamentalistas: fora do modelo deles não há louvor nem espiritualidade. Mas eu pergunto: é preciso fazer tudo igual? Convencionou-se que sim, porque ser antiquado é uma ofensa inominável. E para alguns, fora do padrão corinhos e danças tudo é velharia e não há espiritualidade.

Se você é líder e não concorda, diga que não concorda. Não ceda por medo. Há pastores que têm medo de perder o pastorado e cedem a direção do culto aos jovens. Eles cantam, cantam, e depois se sentam e se desligam do resto da atividade, quando não saem do templo. Há um descompasso entre o que se cantou e o que se prega. Porque se canta um evangelho muito diluído. Há pastores que têm medo de perder o rebanho, massificado por este padrão, e o usam. Tenho ido a igrejas em que pastores ficam alheios aos corinhos (recuso-me a chamá-los de “louvor”), mas dizem-me candidamente: “Eu não gosto, mas o pessoal gosta”. Ele deixa de ser o orientador do povo e passa a ser um garçom que serve o que o povo gosta. Ministro de música também age assim. E também está errado. Se estudou música e passou por um seminário deve ter uma proposta de liturgia menos medíocre e que atenda a todas as faixas etárias da igreja. É sua responsabilidade. Nossos cultos estão sendo empobrecidos pelos corinhos. A música é de baixa qualidade e as letras são aguadas. Os corinhos são cada vez mais efêmeros. Ministro de música, não copie a pobreza musical e intelectual dos corinhos. Pensar não é pecado. E ser inteligente também não é. Se os “levitas” podem discordar dos que chamam depreciativamente de “conservadores”, por que nós, conservadores, não podemos discordar dos “mediocrizadores” da música evangélica?

2. O QUE A BÍBLIA DIZ? 

Tudo na igreja deve ser submetido ao crivo da Bíblia, inclusive o que se canta. Os compositores não estão escrevendo uma nova revelação e estão sujeitos ao crivo da Bíblia. Devem ser humildes e não pensarem de si como oráculos de Iahweh. Quem queira subir o monte santo de Sião deve ler Hebreus 12.22-29 e ver que ele é um símbolo do evangelho, da igreja de Deus, e que cada crente já está nele. O monte Sião não tem nada para nós. Quem queira subir acima dos querubins deve ler Isaías 14 e verificar que alguém quis fazer isto no passado e foi expulso do céu. Quem cante “Quero ver a tua face, quero te tocar”, deve se lembrar que Deus disse a Moisés: “Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá” (Êx 33.20).

As primeiras declarações de fé da igreja foram expressas em cânticos. Muitas afirmações litúrgicas do Novo Testamento foram expressões teológicas que firmaram os cristãos. Lutero firmou a Reforma com suas pregações, seus escritos, mas muito mais com seus cânticos. São cânticos que ficam na mente e muita gente está subindo o monte porque canta isto. A igreja precisa cantar sua fé e sua fé está na Bíblia. Toda letra de cântico deve ser submetida ao crivo bíblico. O certo não é o que a pessoa sente nem se o que ela canta lhe faz bem. O certo é o que está de acordo com a Bíblia.

O conteúdo do evangelho foi muito definido: Cristo crucificado. Mas pouco se cantam Cristo e a sua cruz. Precisamos cantar o ensino da Bíblia. “Doce canto vem no ar com a primavera, Flores lindas vão chegar com a primavera, Lírios, dálias e alecrins, Violetas e jasmins, O sol vai brilhar, passarinhos vão cantar, Com a primavera”. O que isto tem a ver com Cristo, com a salvação, com a segurança dos salvos?

Temos abandonado a Bíblia como fonte de doutrina, trocando-a por revelações e sonhos de gurus. Temo-la abandonado como inspiradora de modelo gerencial para a igreja, assumindo padrões de administração humana. Muita pregação, mesmo com ela sendo lido, é apenas emissão de conceitos culturais, e sendo ela mero pretexto para o discurso. E temo-la deixado de lado como balizadora do que cantamos. A função do cântico não é distrair as pessoas nem fazê-las sentir-se bem no culto, mas ensinar as grandes verdades de Deus. O culto deve ser doutrinador, sim. Preguei num congresso de jovens em Manaus, e deselegantemente, o dirigente tomou a palavra após minha fala e disse: “Não me interesso por doutrina, e sim por Jesus”. Pedi o microfone de volta e fiz uma pergunta: “Sem doutrina, que Jesus você tem?”.

Com nossos cânticos atuais, não temos Jesus. Em muitos deles temos um espírito de grupo, uma cultura grupal ou um Espírito que mais se parece com a Força de He-Man que com o Espírito Santo. É preciso subordinar tudo ao crivo da Bíblia. O evangelho está se tornando cada vez menos bíblico e mais sentimental. Porque está faltando Bíblia.

3. NÃO DESPREZE SUA HERANÇA TEOLÓGICA E LITÚRGICA 

O terceiro aspecto que abordo é este: não despreze sua herança teológica e litúrgica. Há uma tradição que engessa e que fossiliza. Mas há uma tradição que enriquece e que dá balizamento. O evangelho não começou agora. A igreja não surgiu há alguns poucos anos. Os momentos de louvor e adoração não foram criados agora. Muitos deles, no passado, deixaram marcas profundas de avivamentos que impactaram a sociedade.

Até agora caí de tacape e borduna nos corinhos, sem abrir espaço para reconhecer que alguns sejam bons. Foi de propósito. Creio que consegui um pouco de atenção. Creio que há cânticos bons e que trazem conceitos espirituais seguros. São coerentes, biblicamente falando. E respeitam a herança teológica do protestantismo. Porque este critério também tem valor: os cânticos estão reafirmando nossa fé ou modificando a nossa fé? Infelizmente, a maioria me deixa desconfortado: não os canto porque não expressam minha fé, a fé em que fui criado, a “bendita fé de nossos pais”, como diz um hino.

Nós temos um passado e não podemos fugir dele. A ignorância do passado leva a cometer os mesmos erros cometidos. Houve uma longa luta para firmar o cânon do Novo Testamento, e precisamos lembrar que é ele que interpreta o Antigo. Muita gente tem cantado o Antigo Testamento, mas nós somos cristãos. Nós cantamos a fé em Cristo. Se o Antigo Testamento é pregado, deve ser interpretado pelo Novo. Se o Antigo é cantado, deve ser interpretado pelo Novo. Estão querendo rejudaizar o evangelho, questão que a igreja já resolvera em Atos 15 e contra a qual Paulo escreveu a sua mais dura carta, a epístola aos gálatas. Somos filhos do Novo Testamento, e não do Antigo. Somos filhos dos evangelhos e das epístolas, e não de Salmos, embora Jesus os usasse. Mas seu próprio jeito de usar os salmos nos orienta: ele os reinterpretou em sua pessoa. Cantemos Jesus, cantemos a fé cristã e não meras sensações, cantemos a cruz, o túmulo vazio, o perdão dos pecados. Cantemos a Igreja, e não Israel. Somos cristãos e não judeus. Cantemos que “a cruz ainda firme está e para sempre ficará”.

Somos salvos pela graça por meio da fé em Cristo. Não somos salvos pelo Espírito Santo nem por uma experiência litúrgica. O Espírito é uma pessoa e não sensações: “O Espírito Santo se move em você com gemidos inexprimíveis” é algo sem sentido. Ele geme por nós, em oração, com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26). Mas não se move dentro de nós, com gemidos. O ponto central do evangelho é Cristo e sua cruz. Este é nosso tesouro teológico, herança à qual devemos nos agarrar. Qualquer cântico que deslustre isto, que diminua Jesus, que esmaeça a cruz, é blasfêmia. Não quero cânticos de auto-ajuda. Quero Jesus e sua cruz. Quem tem Jesus não precisa de muletas emocionais. Quero cânticos bíblicos, de acordo com a fé que uma vez foi entregue aos santos (Jd 3).

CONCLUSÃO 

Sei que foi uma palestra dura. Não vou me desculpar porque o que eu disse é o que eu creio. Sim, estou cansado da ditadura litúrgica que me parece associada a um fundamentalismo: só nós sabemos o que é espiritual e vocês estão fora, são do passado, são frios, são formais. Eu me recuso a cantar bobagens com roupagem espiritual. E desafio vocês a restaurarem a liturgia com conteúdo, com ensino. Desafio-os a não cederem à força da pobreza litúrgica que nos avassala.

Há algo mais comovente e com mais conteúdo que “Castelo Forte”, “Aleluia”, “Amazing Grace”? Por que a ditadura dos corinhos? Por que, no natal, sou obrigado a cantar que quero voar nas asas do Espírito? Que os compositores de corinhos componham música de boa qualidade com letras de conteúdo, e ajustada às épocas, também. Os corinhos são monocromáticos. Dizem sempre a mesma coisa. Nunca ouvi um exortando à confissão de pecados, falando do natal, da dedicação de crianças, da semana da paixão, de missões, da Bíblia como Palavra de Deus. Tudo é igual: louvar, adorar, contemplar, sentir-se bem. Não permitam a monocromia, que é sinal de pobreza.

Escrevi, tempos atrás, um artigo intitulado “Quero uma igreja velha”. Esta palestra é um desabafo e um pedido de ajuda: “Socorro, quero um culto velho”. Com a Bíblia exposta, com solenidade, com cânticos com nexo, com os grandes hinos de nossa fé, com Cristo e sua cruz brilhando. Sim, estou cansado da liturgia atual, que é pobre e alienante.

*Isaltino Gomes Coelho Filho é autor de vários livros, Bacharel em Teologia, Filosofia e Psicologia e mestre em Educação e Teologia 

Saudação

Queridos,
criamos este blog para ser um instrumento de divulgação das igrejas batistas da região litorânea e de outras igrejas batistas que desejarem.
Se quiser, aproveite.
Pr. Neemias Lima